Espectrum Filme

"Hello there!! This is another school project me and my (kuro) friend made. It was inspired in the old surreal films like "un chien andalou" and also in a poem by Gutto Carrer Lima."

Inês Calafate / Inês Oliveira





Encontrei o filme "Espectrum" totalmente por acaso, em janeiro de 2018. Assisti sem ler antes o descritivo, atraído por sua linguagem surrealista e estilo de produção. Adorei o filme, a trilha, e tendo me identificado muito com o roteiro, no final tive uma grande e agradável surpresa. É maravilhosa a sincronicidade do Universo. Embora o filme tenha sido feito três anos antes, ele espelha alguns aspectos de meu livro Desapego ©, escrito entre jan/2016 e jul/2017, relacionados à Luz & Sombras, vida interrompida, desconstrução, dualidade, ponto de restauração, resgate, cautela e proatividade, autoconhecimento, máscaras, conexões, continuidade do Tempo e mais, o que muito me impressionou. Considero o filme um grande presente para quem o assiste. Gratidão!


– Gutto Carrer Lima


ANÁLISE DO FILME ESPECTRUM
por Gutto Carrer Lima


A cena inicial mostra um personagem de camisa branca usando máscara, olhando outro de frente. Este personagem é "você", o outro é o seu reflexo (é um espelho). 


Na segunda cena um caminho bifurcado sugere a possibilidade de escolhas, e marca a separação dos opostos em dualidade, representados pelas duas garotas, uma de roupa branca e outra de roupa preta. 

"Você" percebe as garotas passando ao fundo por entre as ávores, embora não as identifique com clareza. Elas são sua consciência e seu inconsciente, e representam também a dualidade luz & sombra.

Na cena seguinte, as garotas brincam alegres correndo despreocupadas, mostrando inocência no agir, pois não vêem maldade ou perigo – o lugar lembra também um labirinto –. A consciência (ou pode ser a luz ou coragem) entra por um portal, que dá num lugar protegido. A garota de preto (sua sombra) é sequestrada por um personagem também mascarado vestido de preto. Ele também representa "você", seus medos e desejos instintivos, aqueles que você não faria por princípio.

O sequestro representa a autossabotagem. Como resultado, a consciência se sente perdida, olha para os dois lados procurando sua outra metade oposta. E vai imediatamente em sua busca. 

Enquanto isso, "você" está consumando a sabotagem, "matando" sua sombra. "Você" aparentemente consegue sumir com ela, mas, como toda sombra, ela nunca desaparece completamente, pois deixa um vestígio (o lenço preto que a consciência encontra). 

Agora a consciência quer voltar no tempo, para resgatar o momento anterior ao sequestro, ou seja, quando "você" mesmo, por medo, interrompeu o andamento de sua vida, sabotando-se. A consciência gira a roda da vida para trás, provocando uma desconstrução para identificar onde está o divisor de águas e, a partir dali, corrigir o destino. 

Chegando ao ponto de restauração inicial, ou seja, de um resgate a partir do conhecimento de causa e efeito dos acontecimentos, luz & sombra estão novamente juntas e harmonizadas. Note que elas se movimentam mais devagar, com menos pressa, representando que ganharam experiência e já não são tão inocentes ou inconsequentes como antes. Cientes do risco, elas não apenas mudam a direção em que foram anteriormente, como também têm uma atitude proativa ao evitarem que "você" as veja. Isto fica claro quando elas se escondem com cautela atrás das árvores à beira do caminho. A estrada reta, onde "você" caminha de cabeça erguida entre sombras e luzes projetadas no caminho, representa a retidão e o domínio que você acredita ter sobre si mesmo. A camisa branca representa a autoimagem egoica, convencida de fazer sempre a coisa certa. 

Em diversas passagens, os personagens aparecem descendo escadas ou entrando em lugares obscuros, simbolizando o mergulho buscando o autoconhecimento.
De súbito, a consciência e o inconsciente (a luz e a sombra) sorrateiramente tiram a máscara de seu medo. Ao ver a luz, o medo fica cego e cai por terra. A sombra (ou inconsciente) se encarrega de pegar a máscara caída. Juntas, luz & sombra dirigem-se para a cena final, onde a máscara é deixada à disposição (a máscara não é destruída, porque "você" sabe que ainda precisará dela, assim como precisamos do medo – não o medo que nos trava, mas o que nos protege). O poema no fechamento traz a revelação final: a coragem de enfrentar a você mesmo, conscientemente, fez de sua sombra uma aliada para mudar a história, derrotar o medo e retomar a vida seguindo em frente.


Comentários

  1. Somos LUZ E SOMBRA o tempo todo... medos e coragens quase simultâneas... na verdade somos dicotomias prontas a se equilibrarem se assim o quisermos. Poderia fala muito mais sobre o texto e o filme, mas prefiro saborear essa produção simples, porém primorosa, provando que o que precisa ser dito muitas vezs está no interdito, deixando a cada um uma análise íntima e profunda que poucos conseguirão atingir, mas aqueles que se sentem tocados já vale por todos os outros que deixam as linguagens sutis passarem despercebidas...

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