Escritor Virtual

Chegará o dia em que o leitor encomendará livros (digitais, é claro 😶 ) a algum sistema de inteligência artificial mediante algum dispositivo eletrônico não disponível ainda, e o escritor virtual criará, de bate-pronto, uma história exclusiva baseada nos gostos e estilo preferido do leitor.

O sistema de Inteligência Artificial perguntará: — Você quer rir? Chorar? Refletir? Gozar? Fantasiar? Viajar na maionese? Filosofar? Fugir da realidade? Aprender? Afirmar suas crenças? Transformar sua vida atual? O que você quer? Diga e eu escreverei a história que você deseja "ler"!

E o escritor virtual, em questão de segundos, comporá uma história para o leitor do futuro, que por sua vez, não precisará nem se dar ao trabalho de ler – trabalho, de qualquer tipo, será coisa do passado. – A história será transferida diretamente para um chip de assimilação implantado no cérebro, que também será turbinado eletronicamente graças a uma nova tecnologia bioquântica.

O café, aquele da imagem romântica numa xícara saindo fumaça posto numa mesinha ao lado com um abajour aceso, será uma experiência sensorial virtual que virá junto com o "livro", de brinde.

E nem será preciso utilizar óculos especiais para tanto. Bastará fechar os olhos. No futuro, os olhos perderão sua finalidade e importância de lentes biológicas. As imagens, em vez de captadas por cem milhões de células fotorreceptoras na retina, serão fabricadas e impulsionadas eletroquimicamente direto para os decodificadores do cérebro, assim como as moléculas de odor e paladar, ou vibração nos tímpanos, serão percebidas virtualmente. Órgãos genitais não existirão mais. Finalmente, anjos.

A preguiça e o desejo doentio de não ter trabalho para nada, transformará os seres humanos em meio-robôs, dependentes de outros anjos-robôs, em nível genético, desde a concepção 'in vitro' até seu desligamento quando cansarem-se de "viver", pois a morte natural será igualmente coisa do passado (morrer também dá trabalho).

Será que eu exagerei nessa historinha??? Sei lá... só solicitei ao sistema e ele escreveu. Enviei-a ao passado para vocês lerem. Não existem mais escritores aqui no futuro. Aliás, não existe mais nenhuma profissão no futuro. Conseguimos finalmente nos livrar do trabalho. No lugar, ficou o tédio.


Gutto Carrer Lima, ano de 2.225


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