Malandro amigo

Ele era um cara estranho, meio boa gente, meio malandro-otário. Mais malandro que otário, mas era autêntico e julgava menos do que costumava ser julgado dado seu estereótipo nada enganador que dizia: não vacile comigo porque eu tô ligado que você também não é santo. Assim eu me resguardava mantendo uma certa distância, mesmo quando tomando cerveja juntos nos cabarés e dando muita risada. Ou nas tantas vezes em que ele me ajudava com trabalhos braçais, carregando caixas, subindo em escadas, consertando coisas e até ao meu carro. Apesar de pouco estudado, era inteligente, esperto e tinha a perspicácia dos artistas de improviso que vêem o mundo sem frescura e o encaram de frente. Ficávamos amigos, quanto mais percebíamos nas oportunidades que tínhamos de nos enganar, que estávamos ali para nos ajudar.

– Gutto Carrer Lima




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