Meu modo de escrever

Espontaneamente, não me aproprio de linguagem culta ao escrever; uso e abuso de clichês populares dos quais extraio sabedoria implícita, ou os utilizo como recursos de tradução exemplificativa daquilo que quero dizer. Na simplicidade, escrevo melhor do que falo, e isso se deve, em parte, à minha timidez para falar em público e, evidentemente, ao tempo que a escrita proporciona para a busca das palavras certas e de sinônimos que evitam a redundância quando a expressão de uma ideia pede por ser enfatizada. Das pesquisas por palavras adequadas, acabo por conhecer outras que passam a surgir em meio ao texto, às vezes surpreendentes devido ao seu uso incomum, de súbito e definitivamente adotadas como toda novidade que fascina. Não pretendo, com elas, o exibicionismo, nem tão pouco o eruditismo que não tenho, ao ponto de substituí-las quando elas saltam em discrepância com o conjunto do texto. O que importa é ser compreendido, dialogando com a inteligência do leitor e apostando na sua sensibilidade enquanto lê. Confio na linguagem simples, porém não chula; aventuro-me por expressões poeticamente mais complexas, mas não entediantes; enfim, aceito as novas possibilidades provando-me que aprende-se a escrever, escrevendo. Eu adoraria aprender, da mesma maneira, a falar, mas por hora, devo considerar que aperfeiçoamos mais rápido e facilmente aquilo que temos mais oportunidades de praticar. Escrever é a maravilhosa arte de se comunicar sem ter ninguém ouvindo, na hora e no lugar em que estamos, quando sentimos que temos algo a dizer sem necessariamente ter com quem falar.

– Gutto Carrer Lima

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